Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989-1992)

Singer e Erundina no Foro da Cidade

Neste livro, Paul Singer relata sua experiência como Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo do governo de Luiza Erundina, a primeira mulher prefeita eleita, na época, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O livro foi relançado em 2022, com apresentação inédita de Luiza Erundina, pela editora Fundação Unesp e encontra-se dispon´ível para download aqui https://www.culturaacademica.com.br/catalogo/um-governo-de-esquerda-para-todos/

A obra traz a visão interna e privilegiada de um economista político encarregado justamente do planejamento e o olhar externo de quem sabe fazer boas análises de conjuntura. Avalia todo o governo, seus ganhos e desafios. Explica a eleição como ruptura política pelo voto, mostra a formação do secretariado e dos administradores regionais, os planos de trabalho e trata da coordenação do governo e da complexa relação deste com o PT.

Destaca-se a atualidade três capítulos consecutivos. Em “A tarifa-zero e a municipalização do transporte coletivo”, apresentam-se a viabilidade desta proposta e as dificuldades de implementá-la devido à oposição sistemática na Câmara dos Vereadores. Em “Conflitos pelo uso do solo urbano”, Singer interpreta os dilemas políticos internos e externos da Secretaria de Planejamento, que viveu uma polarização em relação ao papel e conteúdo do plano diretor municipal quanto ao adensamento da cidade. O autor mostrou-se favorável ao relativo adensamento, desde que revertesse em ações como a construção de moradias populares. Assim, buscou promover as chamadas “operações interligadas”: as empreiteiras poderiam aumentar algumas áreas construídas desde que realizassem, em contrapartida, a edificação de moradias populares. Como gestor democrata, Singer ouviu e conciliou as partes, mas sem deixar de se posicionar e assumir a responsabilidade pela execução das políticas municipais. O autor afirma que o adensamento não é um mal em si e mostra a contradição dos defensores de um limite máximo de adensamento. Esta discussão reaparece no debate no interior da Secretaria na elaboração do plano diretor do município, tratado no capítulo “A luta pelo Plano Diretor: ideologia e interesses em jogo”. Tais questões continuam presentes na cidade de São Paulo. Estes três capítulos foram republicados na coletânea Paul Singer: Urbanização e Desenvolvimento.

Por fim, o livro traz a reflexão sobre a democracia de participação popular e a inversão de prioridades a favor do povo.

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