Nesta obra é recolocado o problema da ineficácia da Medicina em resolver, por
si própria, os problemas de saúde da população. Os custos crescentes da
atenção à saúde, a expansão do consumo de ações de saúde e de
medicamentos e crescente institucionalização da Medicina não têm provocado
modificações substantivas no nível de saúde das populações e na duração da
vida.
A Medicina, no centro destas preocupações, despe-se de seu manto de
neutralidade. A cientificidade das Ciências Biológicas, ao não dar conta das
contradições da prática médica, abre espaço para as análises econômicas,
políticas e ideológicas, reveladoras das relações da Medicina com outras
práticas sociais.
Os autores buscam explicar estas relações estudando o lugar ocupado pela
Medicina como instrumento de controle social, em uma historicidade singular –
o caso brasileiro. Como Controle social, a medicina garante a reprodução da
estrutura social; assegura a perpetuação das condições de vida e as relações
sociais, as formas de exploração e dominação determinantes de problemas
sociais. Estes problemas são retraduzidos como desvios da normatividade
social e instituídos como doenças
A análise dos serviços de saúde no Brasil representa uma nova contribuição e
desafio estimulante. Ao acentuar a dimensão controladora e reprodutora da
Medicina, os autores nos interrogam sobre o lugar da Medicina nas estratégias
de transformação de uma conjuntura em crise. Em outros termos, nos
compelem a pensar como a questão da Democracia perpassa o debate pela
igualdade ao acesso dos serviços de saúde sem que se reproduza ao infinito a
função normatizadora da Medicina.
Hésio de Albuquerque Cordeiro – Medicina Social – UERJ